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Tudo Outra vez - LS Jack: Análise completa das músicas deste disco que marcou uma geração.


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Ano: 2003

Gravadora: Indie Records

Produção: Rick Bonadio

Produção executiva: Beto Coutinho

Assistente de produção: Thiago Endrigo

Direção artística: Líber Gadelha

Coordenação artística: Zé Henrique e Marcelão





O post de hoje vem, especialmente, para apresentar e comentar uma obra-prima da banda LS Jack, que deu muitas cores ao meu início como músico, que é o álbum Tudo Outra Vez (2003). Realizado pela gravadora Indie Records, produzido por Rock Bonadio e dirigido por Liber Gadelha, o disco traz 13 canções interpretadas por Vitor Queiroz ao baixo; Bicudo na bateria; Sérgio Ferreira e Sérgio Morel nas guitarras; além de Marcus Menna nos vocais. Este último, como principal letrista, tenta absorver da natureza, elementos composicionais que façam ligação com o cotidiano.

A proposta da banda é fazer um pop rock, mas para que não se torne austero, Menna conduz essa ligação com sensibilidade e simplicidade, transformando as canções em algo leve, alegre e trazendo fundamento para as letras. O vocalista mesmo diz, ao ser entrevistado pelo site Universo Musical, que “a música não é só filosofia, também é entretenimento, e o LS Jack tem esse lado. Muitas pessoas querem analisar as letras das músicas como uma obra literária. Se fosse assim, Carlos Drummond de Andrade teria sido o maior vendedor de discos do Brasil”.

Portanto, não farei aqui uma análise filosófica das letras do disco, mas vou tentar demonstrar pontos interessantes que relacionam a espiritualidade do compositor – que faz parte do movimento Hare Krishna – à excelente, invejável e estudada técnica de prosódia, que é infalível neste disco e toda a instrumentação. O que faz jus ao gênero canção, onde letra e música (instrumentos e melodia) se complementam.


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A banda faz parte do estilo pop rock dos anos 2000 e com formação clássica de boy band, mas que traz muita fundamentação para o gênero “canção”. Mesmo que tenha estourado graças aos sucessos como “Carla” ou “A Carta”, isso não a diminui a nível de “passageira”, pois, acredito eu, ainda estão para nascer formações que juntem instrumentação adequada a letristas que carreguem tanta sensibilidade e força de vontade, tal como o líder do LS Jack carrega.

Bom, vamos às faixas! Para quem não conhece, bem-vindo a um mundo de verdadeiras canções classificadas pelo gênero e para quem conhece, é sempre bom voltar e “ouvir com outros olhos”.


Faixas


1 – Sem Radar

Marcus Menna


2 – Espírito Meu

Marcus Menna e Vitor Queiroz


3 – Nossas Flores

Marcus Menna e Vitor Queiroz


4 – Outra Vez

Marcus Menna, Vitor Queiroz, Sérgio Morel, Zé Henrique e Marcelão


5 – Amanhã Não Se Sabe

Sérgio Brito


6 – Aquele Olhar (Over My Shoulder)

Mike Rutherford e Paul Carrack / Versão: Rick Bonadio e Marcus Menna


7 – Mais Que Demais

Marcus Menna, Sérgio Morel, Bicudo e Vitor Queiroz


8 – Sob O Céu

Marcus Menna, Bicudo, Sérgio Ferreira e Alexandre Lalas


9 – Tarde Demais

Marcus Menna e Sérgio Morel


10 – Alucinação

Marcus Menna


11 – Você Me Faz Tão Bem

Marcus Menna


12 – Se For, Será

Marcus Menna, Vitor Queiroz, Sérgio Ferreira e Sérgio Morel


13 – Sem Radar (Versão Acústica)

Marcus Menna


1 – “Sem Radar” – Marcus Menna

Abrindo com excelência este disco, a canção traz uma amostra de todo conteúdo que será desenvolvido nas letras e no instrumental da banda daqui em diante. Felicidade, espiritualidade, sonhos e amor, além da novidade de tratar do “desamor”. A canção ficou conhecida, fez sucesso e virou hit. Foi regravada por diversos artistas e o próprio disco ganha ao final, uma regravação acústica.


É importante destacar o peso das guitarras e a técnica apurada de Menna nos vocais e na composição. Versos como “Morcego sem radar, voando a procurar, quem sabe um indício teu e “você me entorpeceu e desapareceu mostram um caráter de desamor, que será explorado no disco e que marcaram época para a música pop. Aqui não se fala de baladas, de festas e de ostentação, mas sim de horizontes amorosos, conexões do simples e do natural com o humano e tudo isso traduzido com facilidade para a linguagem da canção, que é a junção da letra com os instrumentos, cada qual tendo o seu papel.


É só me recompor

Mas eu não sei quem sou

Falta um pedaço teu

Preciso me achar

Mas em qualquer lugar estou

Voando sem direção eu vou

Eu sigo sem radar

Voando a procurar

Quem sabe um indício teu

Queimando toda fé

Seja o que Deus quiser eu sei

Que amargo é o mundo sem você

Você me entorpeceu

E desapareceu

Vou ficando sem ar

O mundo me esqueceu

O sol escureceu

Vou ficando sem ar

Esperando você voltar

Escrevendo minha própria lei

Desesperadamente eu sei

Tentando aliviar

Tentando não chorar

Por mais que eu tente esquecer

Memórias vêm me enlouquecer

Minha sentença é você


2 - “Espírito meu” - Marcus Menna e Vitor Queiroz


Lindíssima canção! Retrato de uma experiência sobrenatural a nível de consciência. O interlocutor se refere a um sonho, onde diz: “tão real que até senti a tua boca a me ferir, mas te perdoei, ou seja, a realidade e o desejo por esse sonho era tanta, que ele sentiu a dor de ser ferido na boca e até perdoou a outra pessoa!


Espírito meu beijou o seu, esse verso reflete a crença sobre o espírito, na qual as experiências vividas em um sonho, na verdade são vivências pelo espírito, e, dadas as proporções que a letra nos oferece, podemos crer que o outro espírito também queria estar ali. Por isso, no refrão ele diz: “então vem, pra gente ser feliz”, sendo esse o momento de realidade da música, de consciência.


A instrumentação segue à risca de um rock pesado, com guitarras distorcidas – cheias de Phaser para dar essa sensação alucinógena – e uma bateria e baixos cheios de pegada! Uma das mais incríveis canções deste disco, na minha opinião.


No Festival de Verão de 2004, lá em Salvador, Marcus Menna canta a segunda estrofe de versos diferente do que fora gravado no disco. A versão original seria:


Eternamente eu vou lembrar Não adianta nem tentar Disfarçar Eu sei que era você

E ele canta:


Em qualquer plano o seu astral

Incrivelmente especial

Espacial

Flutuo por você


Detalhe para o aprofundamento astrológico retratado nesta “2ª versão” e que nos revela esse lado do cantor. Um lado místico, espiritual e transcendente ao humano.



Ontem não quis acordar

Fiz de tudo prá voltar

A sonhar

Eu sei que era você

Tão real que até senti

A sua bôca me ferir

Mas te perdoei...

Espírito meu beijou, o seu

Espírito meu amou, o seu

Então vem

Prá gente ser feliz

Vai deixando a solidão sair

Encontrei o tempo que perdi

Porque sem você aqui

O meu mundo não sorri

Prá mim...


Eternamente eu vou lembrar

Não adianta nem tentar

Disfarçar

Eu sei que era você

Que seja assim até o fim

Nessa vida de ilusão

Um sonho bom

Eu sei que te encontrei...

Espírito meu beijou, o seu

Espírito meu amou, o seu

Então vem

Prá gente ser feliz

Vai deixando a solidão sair

Encontrei o tempo que perdi

Porque sem você aqui

O meu mundo não sorri

Prá mim, prá mim...

Espírito meu beijou, o seu

Espírito meu amou, o seu

Então vem

Prá gente ser feliz

Vai deixando a solidão sair

Encontrei o tempo que perdi

Porque sem você aqui

O meu mundo não sorri

Porque sem você aqui

O meu mundo não sorri

Prá mim...


3 - “Nossas Flores” - Marcus Menna e Vitor Queiroz


Canção bem romântica. Explora uma série de sentimentos e tem um refrão que fixa na cabeça. O principal ponto aqui é a paixão. A personagem usa das flores como metáfora ao sentimento e carinhos recebidos um dia e que a transformaram. Agora, com os personagens apaixonados, a letra questiona dizendo que a condição para isso é: “te ver cada vez que a Lua aparecer”, ou seja, uma certeza que temos na vida.


Concordam que é um paradoxo se fizermos planos para daqui semanas ou anos, se não crermos que o Sol nascerá amanhã de novo? Como podemos não acreditar que é certo a Lua voltar amanhã, ou o Sol, se estamos a todo momento deixando as coisas para depois? Ok, desculpe Menna, chega de filosofia e vamos curtir a canção!


As flores que você mandou

Eu guardei, eu plantei sim

Aonde agora existe amor

Nesse coração

Eu sei que as rosas vão crescer

Com você, vão querer sim

Mas só se você entender

A minha condição


Te ver cada vez que a lua aparecer

A única condição

Te ver cada vez que o dia amanhecer

E assim nossas flores vão viver


Tão logo quando o dia for

Noite vem, preta sem fim

Acende a minha estrela amor

Nessa escuridão


O sono você me levou

Mas fiquei, muito bem sim

Sonhando acordado eu vou

Na sua direção


4 – “Outra vez” – Marcus Menna/ Vitor Queiroz /Sérgio Morel/ Zé Henrique/ Marcelão


Essa canção mexe comigo pelo fato da coincidência com a história de vida de Menna. Parece que ela foi composta depois do acidente e não antes. Faça o teste e a escute imaginando que ele escreveu após 2004 e sinta-se espantado tal como eu. Sim, é uma canção de 2003!


A primeira estrofe deixa clara uma decepção vivida pelo interlocutor, seja ela de origem amorosa, familiar ou qualquer que seja, que será o motivo do desenrolar do restante da letra. Ensaiando o meu sorriso no espelho na esperança dele nunca me deixar é um verso que dispensa comentários sobre a sensibilidade de Menna. Realço aqui, a incrível habilidade de letrista, dizendo que a prosódia perfeita do seu disco é invejável!


A instrumentação segue pesada, com um riff de guitarra repetitivo, talvez sugestivo, ao título da canção, que imita a melodia da voz que entrará a seguir. Além disso, temos um arranjo de strings na metade da canção, que mostra uma preocupação em arranjá-la com capricho.



Quem traiu mais uma vez os meus segredos Quem me ajoelhou foi quem me fez chorar Fez da minha alma o seu novo brinquedo Atirando do milésimo andar Mas seu eu pudesse ter de novo os meus sonhos Eu saberia onde posso encontrar A felicidade desse tamanho Pra recomeçar outra vez Tudo outra vez Ensaiando o meu sorriso no espelho Na esperança dele nunca me deixar Procurei intensamente outros desejos Anestesiando só para aliviar Quantas vezes a escuridão da solidão doeu Acompanhada pela angústia que Nunca me esqueceu não.



5 – “Amanhã não se sabe” – Sérgio Brito


Canção tema de Letícia e Gustavo em Malhação (2004) da Rede Globo. Composição de Sérgio Brito, ganhou uma releitura em que prevalece o violão. “Nós não conhecíamos a música, foi uma escolha do Rick. A letra tem uma infantilidade, no bom sentido, que a gente achou interessante, bem a nossa cara. Fizemos uma versão totalmente diferente, que se encaixa perfeitamente no disco”, acredita Menna, em entrevista ao site Universo Musical.


A canção faz parte do repertório dos Titãs e conta com uma letra em que tudo se parece com a escrita de Menna. Mal começou e eu já estou com saudade e Como as ondas com a maré, até onde não vai dar mais pé. Este instante tal qual é, vivo aqui e seja o que Deus quiser retratam o português afiado de Marcus e a sensibilidade em conectar a natureza e os sentimentos humanos, sem parecer frágil ou sem sentido.


A instrumentação conta com um violino solista ao meio da canção, dando um teor de country music. O instrumento segue pela canção e o capricho com a instrumentação também, com o piano, bateria, guitarras, ukulelê em perfeita conexão.



Como as folhas, como o vento

Até onde vai dar o firmamento

Toda hora enquanto é tempo

Vivo aqui neste momento


Hoje aqui, amanhã não se sabe

Vivo agora antes que o dia acabe

Neste instante, nunca é tarde

Mal começou e eu já estou com saudade


Me abraça, me aceita

Me aceita assim meu amor

Me abraça, me beija

Me aceita assim como eu sou

Me deixa ser o que for


Como as ondas com a maré

Até onde não vai dar mais pé

Este instante tal qual é

Vivo aqui e seja o que Deus quiser


Hoje aqui não importa pra onde vamos

Vivo agora, não tenho outros planos

É tão fácil viver sonhando

Enquanto isso a vida vai passando


Me abraça, aceita

Me aceita assim meu amor

Me abraça, me beija

Me aceita assim como eu sou

Me deixa ser o que for

Me abraça, me aceita

Me aceita assim meu amor

Me abraça, me beija

Me aceita assim como eu sou

Me deixa ser o que for


6 – “Aquele Olhar” - Paul Carrack e Mike Rutherford (versão: Marcus Menna e Rick Bonadio)


Outra regravação aparece ao meio do disco. Desta vez, a escolhida foi “Over My Shoulder” do grupo Mike and The Mechanics. Segundo o vocalista, escolha que sempre foi uma unanimidade na banda.


Menna é fã de Mike Rutherford, um dos autores da música e ex-guitarrista do Genesi, e acredita que a música reflete o alto-astral que o LS Jack procura transmitir em suas canções. Os trechos O brilho dessa vida foi te encontrar e “O passado já virou história e amanhã ninguém pode saber, mas o presente é todo seu agora por isso eu o embrulhei só pra você” são os versos mais lindos da música, na minha opinião.



Se eu fechar de novo os meus olhos

Ainda vejo aquele olhar

Eu posso sentir no fundo do peito,

O brilho dessa vida foi te encontrar

Se eu fechar de novo os meus olhos

Outra vez volto a sangrar

O meu coração não pulsa sozinho, nunca nessa vida vou te deixar

O passado já virou história e amanhã ninguém pode saber

Mas o presente é todo seu agora

Por isso eu o embrulhei só pra você


Se eu fechar de novo os meus olhos

Ainda vejo aquele olhar

Eu posso sentir no fundo do peito,

O brilho dessa vida foi te encontrar


Eu procurei a luz do seu caminho

E o meu destino soube-te achar

Esse feitiço dispara o meu sorriso

E nunca mais consigo disfarçar


O passado já virou história

e amanhã ninguém pode saber

Mas o presente é todo seu agora

Por isso eu o embrulhei só pra você

Se eu fechar de novo os meus olhos

Ainda vejo aquele olhar

Eu posso sentir no fundo do peito,

O brilho dessa vida foi te encontrar


Se eu fechar de novo os meus olhos

Ainda vejo aquele olhar

Eu posso sentir no fundo do peito,

O brilho dessa vida foi te encontrar


7 - “Mais que Demais” - Marcus Menna/ Vitor Queiroz /Sérgio Morel / Bicudo


Sabe aquele priminho pequenino da família? Ou aquele animalzinho de estimação que dá vontade de apertar? Essa é a sensação ao escutar essa canção!


“Mais que Demais” é cativante e excepcional ao mesmo tempo. É a faixa mais curta do disco e muito rica em conteúdo. Com poucas palavras, o interlocutor induz a alegria de estar com a outra pessoa e essa felicidade é retratada nos versos: “Olha só o que eu encontrei: um casulo no meu jardim do mesmo jeito que eu desenhei, tão perfeito para mim”.


Sem dúvidas, a instrumentação desta canção é um caso à parte. A bateria pegadíssima de Bicudo unida às guitarras, ao solo de sintetizador e ao arranjo vocal desta obra, faz com que essa canção entre no seu repeat fácil, fácil!



Mais que demais colorido

Se for você

Mais que demais divertido

Se é com você (só se for você)

Olha só o que eu encontrei

Um casulo no meu jardim

Do mesmo jeito que eu desenhei

Tão perfeito para mim

Os meus sentidos na suas mãos

Desnorteando assim

Foi como chuva no meu sertão

Linda lua de marfim

De repente na sombra surgiu

De repente o teto caiu

Parece até de papel.


8 - “Sob o Céu” – Marcus Menna/Bicudo/Sergio Ferreira/Alexandre Lalas


Pop rock que fala sobre desamor. Canção com teor sensível, clareza da situação e, claro, prosódia incrível! A trama se passa por um rompimento de uma relação, na qual o interlocutor ainda sente amor e agora, também a dor da separação.


Assim, ele tenta se auto convencer de que não tem saída nem lugar para esquecer esse amor, pois a todo momento estamos “sob o céu e sobre o mar” - detalhe para o português bem ortografado aqui e que vem cada vez mais sendo reduzido pelos artistas contemporâneos - e este é o único lugar para se esquecer e viver ao mesmo tempo. “Se era bom tudo em mim, não foi consumido, mas você diz que é preciso e só me resta aceitar”, passagem esta que destaca a inconformidade com o fato.


E seguimos nos espantando (no melhor sentido da palavra!) com a sensibilidade das letras e a capacidade de nos tocar com tanta simplicidade!



É difícil saber quando começar

E imprecisa a hora de tudo acabar

Muito mais ainda

Se todo o amor não se esgotou

Não foi consumido

Mas você diz que é preciso

E só me resta aceitar


É sob o céu

E sobre o mar

O lugar onde eu vou tentar

Te esquecer de vez


Não é fácil esconder tão bem a dor

Como é que eu faço pra não

mais olhar para trás

Muito mais ainda

Se era bom tudo em mim

Não foi consumido

Mas você diz que é preciso

E só me resta aceitar


Queria ter poder pra transformar

Toda essa dor em quase nada


9 - “Tarde Demais” – Marcus Menna/Sérgio Morel


E depois de uma dose de alegria com “Mais que Demais”, chegamos em um momento de desamores do disco. Esta canção é mais uma das que abordam, musicalmente, o assunto da dor após o fim. “Sob o céu” já trazia uma característica de convencimento do fim, mas em “Tarde Demais” temos o interlocutor convencendo a outra parte que é melhor assim.


O trecho E antes que aumente a dor, esqueça tudo o que passou nos esclarece o diálogo dito anteriormente. Além disso, a instrumentação (mais suave e com guitarras limpas) nos traz essa sensação de tristeza e tentativa de se firmar para não, enfim, desabar.

Ao final, temos um riff de guitarras que traz o refrão final e remete à sensação de raiva por amor. Talvez, uma das músicas mais tristes do disco.



Tarde demais

A cidade adormeceu

Tarde demais o silêncio nos venceu

E se calou só para ouvir a tristeza chorar

Mais uma vez 3:30 da manhã


Fácil demais esse vírus infectou

Partes vitais no meu corpo congelou

E arrancou com duas mãos toda a vida em mim

Tarde demais nossa história chega ao fim.


E antes que aumente a dor


Esqueça tudo o que passou

Pra nunca mais


Tarde demais esse tiro atravessou

Tarde demais o meu peito acertou

E dividiu o coração me tirando a paz

Perto do cais engolindo a própria voz


E antes que aumente a dor

Esqueça tudo o que passou

Pra nunca mais

O tempo vai reconstruir

Os pedaços que perdi

Pra nunca mais


Tarde demais pra se arrepender!

Tarde demais não sei quem é você!

Tarde demais pra se arrepender!

Tarde demais não sei quem é você!


10 – "Alucinação" – Marcus Menna


Esta canção segue a linha proposta pelo disco, que se iniciou de forma amorosa, passou por alegrias, desamores e agora, retrata diretamente as dores e sobre todas as alucinações causadas por ela.


A melodia de poucas notas do verso, indica algo que fica batendo na sua cabeça, como um pensamento que não se esvai. A dor chantageia a personagem e ela se encontra numa situação como acordar cedo e ver um outdoor da sua dor, dizendo que te pega um dia.

A pegada da banda é incrível nesta canção: as guitarras distorcidas, a linha de baixo bem destacada, as dobras vocais e a letra com as terminações "ento" e “ente” trazem esse ar alucinógeno mesmo.


O disco, então, já se encaminha para a parte final...


Nesse esquecimento

Um pressentimento

Rola aqui por dentro

Sempre me dizendo

Que a saída acabou de sair

Não te esqueceu e só falava assim

Ser humano é ser afim

Agora quem vai olhar por mim


Quando a minha dor

Me acordar bem cedo

Dizendo em outdoor

Um dia eu te pego

Cê pode até correr

Eu já estou dentro de você


Vejo claramente

Nebulosamente

Paranoicamente

Mente a sua mente

No que você sente

Paralelamente

Tão de repente que parece ser

Ser humano é ser afim

Agora quem vai olhar por mim


Preciso precisar

Preciso ser preciso

Preciso relaxar

Preciso do meu vício

Preciso encontrar

O fim do precipício, eu sei



11- “Você Me Faz Tão Bem” - Marcus Menna


Tem espaço para um reggae aí? Claro que sim!

Além desta, novidade temos também a presença do baixista Arthur Maia, que participou da gravação da música.


O convite partiu do, também baixista, Vitor Queiroz, fã assumido do músico da banda de Gilberto Gil. “Estávamos assistindo a um DVD do Gil, e o convite surgiu a partir daí. O Arthur Maia domina o reggae. Ele é meu ídolo, uma referência pra mim”, derreteu-se Vitor ao contar em entrevista ao site Universo Musical.


O disco retorna com a mensagem do amor, da idealização deste sentimento e da personagem amada. E temos aqui, algumas afirmações de que não dá para ficar sem ela, o que pode ir em desencontro às tentativas de se conformar que vieram nas canções anteriores.


Versos como: Não quero mais ficar sem esse seu cheiro de flor e “Aqui vou ficar, não vou arredar, meus pés vão grudar se você passar”, nos esclarecem a decisão de lutar pelo amor e que ficar sem tê-lo pode não ser o melhor caminho.

Chamo a atenção para a linha do baixo, que como afirmou Vitor, realmente é de grande categoria!



Aqui vou ficar

Não vou arredar

Meus pés vão grudar

Se você passar


No jogo de azar

A sorte te espera

E logo me jogo

Disposto a ganhar

E ninguém pode te ajudar


Eu sei que você me faz tão bem

Não quero mais ficar sem

Esse seu cheiro de flor

Que você tem


Aperta de um jeito

Seu shape perfeito

Acende direito

Um lampejo em mim

Transbordando assim

Desejos sem fim

Eu não vou lutar

Jah já vai nos levar

Pro nosso amor abençoar.



12 – “Se For Será” - Marcus Menna/ Vitor Queiroz /Sérgio Morel / Sérgio Ferreira


Parece uma anunciação do trabalho que estaria por vir: O Jardim de Cores (2004).

É difícil descrever esta canção dentro do contexto das anteriores, já que transparece, musicalmente, com um pop rock, sem grandes novidades, mas com uma letra que não cita o amor, não cita a dor, apenas anuncia o que será tratado no próximo disco: essa questão espiritual e astrológica.


“Lá longe se esconde um mundo distante de nós, espero a ponte, até o horizonte vou voar”. Esse verso deixa claro a intenção de Menna em retratar relações cósmicas e energéticas dos seres humanos com todo o resto. A canção é ótima e serve de carro chefe para os próximos trabalhos da banda.



Ah se o tempo me prometer

Que nunca vai acabar

Ah eu juro nao esquecer

O quanto a vida pode me dar

Procurando um som pra me conectar

Uma sensação enigmática

Nessa onda eu vou ate o sol raiar

Seja como for, se for pra ser, será

La longe se esconde

Um mundo distante de nos

Espero a ponte

Ate o horizonte vou voar.


13 - "Sem Radar”[Acústica] – Marcus Menna

Essa regravação acústica acrescenta uma introdução de dedilhados ao violão e um arranjo de “Strings” ao corpo da música.


As partes são as mesmas. Talvez, o fato de regravá-la, a banda tenha um objetivo de promover esta linda canção, que já tinha feito sucesso como single, antes do lançamento do disco, terminando aqui um álbum completo e marcante para mim, e para uma geração que com certeza, pode ter se recordado destas belas composições.




A história de vida de Marcus Menna é vista e revista dentre os principais veículos jornalísticos vespertinos da rede brasileira de televisão. Ok, se fui confuso, eu quis dizer que histórias como a dele, são alvos destes programas sensacionalistas que se mordem por audiência nas tardes.


Vale relembrar aqui que Marcos Menna, vocalista e compositor do LS Jack, passou por complicações em uma cirurgia de lipoaspiração, no ano de 2004, que o deixou por alguns minutos sem oxigênio e em coma induzido por quase 3 meses.


Mas sua persistência permitiu o retorno à banda, à música e, pouco a pouco, aos holofotes da imprensa. Mesmo com sequelas, o músico está envolvido em projetos e na divulgação de seu trabalho até mesmo pelas redes sociais, onde eu, particularmente, o acompanho.

A sua incrível força de vontade é repercutida em toda internet e Menna é visto como um ícone de alguém que passa por uma dificuldade, aprende a lidar com ela e dá a volta por cima!


Toda sua força e carreira não podem ser retratadas apenas numa simples postagem, mas que espero que todo este texto seja para acrescentar a você, caro leitor, a importância que o vocalista – junto à banda - e grande músico contribuiu e contribui até hoje para nossa cultura e riqueza musical. E encerro aqui a descrição à história de Menna, que é inspiradora, talvez triste, mas cheia de chama motivacional para qualquer ser humano!


Meu muito obrigado por me inspirar, Marcos Menna e LS Jack!



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